Magic: the Gathering

Review

Retrospectiva Legacy 2023 - Mudanças no formato!

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2023 foi um grande ano para o Legacy. Um ano que começou num cabo de guerra entre duas forças enormes acabou se tornando um redemoinho de dezenas de arquétipos diferentes que podem todos te levar à vitória. Vamos ver como foi essa história!

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revisado por Tabata Marques

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Indice

  1. > Apresentação
  2. > Janeiro
  3. > Fevereiro
  4. > Março
  5. > Abril
  6. > Maio
  7. > Junho
  8. > Julho
  9. > Agosto
  10. > Setembro
  11. > Outubro
  12. > Novembro
  13. > Dezembro
  14. > Conclusão

Apresentação

Feliz festas de final de ano, meus caros amigos do Legacy! Esse fim de ano para mim é sempre uma comemoração, não apenas do Natal e do Ano Novo, mas também do meu próprio aniversário (21/12). Esse ano, temos também uma ocasião muito especial: esse é o meu 50º artigo de Magic para a Cards Realm!

E o que poderia ser a melhor maneira de celebrar essa marca do que escrever um artigo especial sobre esse ano mágico que o Legacy teve, um dos períodos mais celebrados pelos entusiastas deste formato? Então, vamos entrar no DeLorean do Doc Brown, voltar no tempo e relembrar como foi o Legacy em 2023!

Janeiro

Esse ano começou logo após o lançamento de The Brothers' War, um set que acabou impactando pouco o Legacy. Suas adições principais a este formato foram Brotherhood’s End, Loran of the Third Path, Haywire Mite e Phyrexian Dragon Engine. Embora sejam cartas de suporte nos arquétipos em que apareceram, nenhuma delas criou ou turbinou nenhum deck para um nível acima dos demais; essa honra ficou para o Magic Online.

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Embora Commander Legends: Battle for Baldur’s Gate tenha sido lançada em junho de 2022, seu impacto real só foi sentido de verdade em novembro daquele ano, quando White Plume Adventurer foi lançado na plataforma online do jogo. Em pouco tempo, o deck White Initiative havia se espalhado pelo formato, e no início do ano já acumulava números, conquistando eventos como o 1K Laughing Dragon e recheando os Challenges do MTGO. Os desbravadores de masmorras Brancos ascenderam ao topo dos tiers e desafiaram o domínio do UR Delver, até então o membro solitário e incontestável do Tier S do Legacy.

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Fevereiro

Nesse mês, tivemos a chegada da mamãe Elesh Norn e Phyrexia: All Will Be One. Assim como The Brothers' War, esta expansão trouxe mais algumas ferramentas que conquistaram espaço em alguns decks, como Minor Misstep, Argentum Masticore e Sheoldred’s Edict.

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Mas, ao contrário da anterior, ela trouxe algo que impactou o Legacy: Atraxa, Grand Unifier! Este Anjo Phyrexiano fez algo que era considerado impensável por anos – destronar Griselbrand. Jogando tanto na ofensiva quanto na defensiva, comprando praticamente a mesma quantidade de cartas sem a necessidade de investimento prévio em vida e, a parte mais importante, ainda servindo de combustível para Force of Will, Atraxa virou a cara nova de decks como Reanimator e Sneak n’ Show. O fato de também ser verde fez essa carta aparecer até mesmo em decks de Natural Order. Após fevereiro de 2023, não se soletra mais "bichão" em Legacy sem ser A-T-R-A-X-A.

Março

Lembra quando eu disse que o Legacy estava se encaminhando para um formato de 2 decks? Já em março isso se tornou tão mais evidente que a Wizards se viu forçada a tomar alguma atitude. Como o único banimento neste formato em todo 2023, tanto a White Plume Adventurer quanto Expressive Iteration foram para a cadeia do Legacy.

A primeira foi a única carta a Tomar a Dianteira (Take the Initiative) por apenas 3 manas, e criava situações bastante opressoras muito rapidamente: é relativamente fácil criar 3 manas no primeiro turno neste formato sem comprometer seus recursos, mas investir 4 manas já é uma situação mais arriscada. Já a segunda carta adicionava, por um custo baixo, algo que o Delver geralmente não conseguia acessar: card advantage. Embora este deck pudesse se ciclar rapidamente com Brainstorm, Ponder e Dragon’s Rage Channeler, ele não tinha muitas opções para gerar cartas extras e, portanto, algumas vezes acabava sem gás.

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O enfraquecimento dos dois decks indiscutivelmente mais fortes do formato abriu o Legacy para uma verdadeira miríade de candidatos a “Decks to Beat” novos, mas nenhum arquétipo foi capaz de demonstrar a dominância dos anteriores e desde então este formato tem estado em equilíbrio.

Abril

Nesse mês, nós vimos o capítulo final da saga de Elesh Norn e sua tentativa de conquistar o Multiverso. Pois bem, da mesma maneira que ela foi derrotada, March of the Machine falhou em conquistar o Legacy.

A mecânica principal, Battle, acabou se tornando muito ineficiente para este formato, e até mesmo a sua carta mais hypada, Wrenn and Realmbreaker, não conseguiu conquistar um espaço em decks que abusam das interações com terrenos.

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Maio

Complementando a expansão que não interferiu muito neste formato, March of the Machine: the Aftermath foi lançada neste mês, uma mini expansão de 50 cartas que também não afetou muito este formato. Nesse momento, muitos jogadores estavam testando builds diferentes, já que muitos não sabiam como repor as cartas que foram banidas.

Do lado do Delver, víamos decks com Reckless Impulse, Third Path Iconoclast, True-name Nemesis ou até mesmo voltando anos no passado e desenterrando o Tarmogoyf. Do lado da Initiative, tínhamos versões Boros (algumas com a base branca original, outras pendendo mais para o Vermelho), versões com Urza’s Saga e/ou Wasteland e versões que mais pareciam um Death & Taxes com Seasoned Dungeoneer. Nesse vácuo, o Reanimator apareceu como o deck mais popular deste formato.

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Na verdade, esse mês foi como aquela puxada de fôlego antes de mergulhar na expansão que de fato mudaria a cara do Legacy em 2023.

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Junho

“Um Orc para a todos governar, Um Orc para encontrá-los,Um Orc para todos trazer e na escuridão aprisioná-losNa terra de Mordor, onde as sombras se deitam.”
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Assim como os dois sets de Modern Horizons, The Lord of the Rings: Tales of Middle Earth foi lançada diretamente para o Modern e, devido à experiência com as duas expansões citadas, muitos esperavam que a obra de J. R. R. Tolkien impactasse o Legacy. A expectativa correspondeu à realidade.

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A carta mais alardeada da expansão foi Orcish Bowmasters e sua influência foi sentida em todo o formato. Se até esse momento as listas de Delver estavam divididas sobre qual caminho seguir, os Orcs indicaram que o futuro era Grixis. Novamente, Delver estava no topo deste formato. E, novamente, não estava sozinho.

Os Orcs também trouxeram para a cabeça deste formato mais dois decks Dimir – Scam e Shadow – além de encontrar espaço em basicamente qualquer deck capaz de gerar mana preta que não fosse dedicado exclusivamente a um combo. A presença massiva destes arqueiros desencorajou usar criaturas com apenas um ponto de resistência. Com isso, decks como Death & Taxes e Elfos foram colocados de lado, assim como criaturas como Elite Spellbinder, Noble Hierarch e Goblin Lackey. Este formato precisava assimilar essa chegada.

Só que eles não foram a única carta impactante lançada. Um ciclo de cartas comuns nos trouxe a habilidade de reciclar terrenos básicos por apenas uma mana, possibilitando vários usos de uma só vez. O grande destaque desse ciclo foi Troll of Khazad-dûm: ela corrigia sua mana, servia de combustível para Grief e oferecia um alvo apetitoso para Reanimate sem a necessidade de estruturar todo o seu deck em torno desta carta, como era o caso do Reanimator. Lórien Revealed também virou figurinha carimbada neste formato.

Até a carta mais icônica da expansão, The One Ring, se mostrou forte o suficiente para não apenas gerar um deck próprio ao ser combinada com Paradox Engine, como também mostrar suas caras em listas de Control e até em outros decks de combo como uma maneira de segurar um turno enquanto você cavava por respostas.

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Uma das cartas mais influentes nesta época veio inusitadamente de um dos decks de Commander de Lord of the Rings. Enquanto ainda havia o debate sobre qual caminho os decks de Initiative deveriam tomar, o Rei Théoden de Rohan convocou seus cavaleiros por meio de Forth Eorlingas! e resolveu a disputa: Boros era o caminho, e invocar X Cavaleiros 2/2 era a maneira.

Esse feitiço absurdamente forte serviu para carimbar mais um deck no topo do formato, além reforçar decks Control como Jeskai ou 4-Color Control, tanto como finalizador como uma maneira de ganhar vantagem contra outros decks mais lentos.

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E isso foram apenas as mais fortes. Ainda podemos citar cartas como Boromir, Warden of the Tower, Reprieve, Samwise the Stouthearted, The Battle of Bywater, Stern Scolding, Call of the Ring, Cast into the Fire, Delighted Halfling, Sauron’s Ransom e Palantír of Orthanc.

Julho

Julho foi o mês que este formato teve para absorver, refinar e desenvolver os decks com as cartas citadas acima. Como eu disse, o Delver migrou em massa para a versão Grixis, UB Shadow mudou de um deck periférico para o topo dos tiers, logo sendo seguido pela sua contraparte, UB Scam, abastecidos pelo Troll of Khazad-dûm. Boros se estabeleceu de fato como o deck principal que abusava da Initiative. E o anel deu origem a um deck de combo. Mas essas não foram as únicas inovações.

Uma vez que o seu motor principal era uma presa fácil para os Orcs, o deck de Elfos abandonou Glimpse of Nature, mantendo o núcleo de Green Sun’s Zenith e Natural Order, e dando origem ao Cradle Control.

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Os Bant/4-Color Control incorporaram The One Ring e Delighted Halfling. A carta pequenina tinha a função dupla de tanto acelerar o jogo quanto proteger Teferi, Time Raveler, Uro, Titan of Nature’s Wrath e o próprio anel.

Agosto

Nesse mês, a lista de cartas banidas mudou, mas pela primeira vez em muito tempo a mudança não foi tirar ninguém, e sim recolocar Mind’s Desire, uma carta que já nasceu banida neste formato, pela primeira vez no Legacy. Esta carta gerou algum burburinho, mas não se tornou o pesadelo que muitos esperavam.

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Commander Masterslink outside website também foi lançado neste mês, mas, diferentemente de outras edições voltadas para o formato multiplayer do Magic, essa não impactou o Legacy.

O que realmente impactou o Legacy foi o lançamento de Creative Technique no Magic Online, que trouxe essa carta aos holofotes e potencializou mais um deck de combo. Este deck, ao contrário de decks all-in como Goblin Charbelcher ou Oops! All Spells, possuía uma resistência inata contra contramágicas.

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Setembro

No nono mês do ano, retornamos a Eldraine. Embora a primeira passagem por este plano tenha sido traumática para o Legacy, com o domínio absurdo de Oko, Thief of Crowns, Wilds of Eldrainelink outside website foi um pouco mais calma, embora tenha adicionado três cartas muito importantes a este formato: Up the Beanstalk, Questing Druid e Beseech the Mirror.

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O encantamento verde elevou os Control de Uro – de 3, 4 ou 5 cores – o suficiente para peitar os líderes deste formato. Ela também pipocou em inúmeros decks, inclusive em um usando a segunda carta dessa lista. Questing Druid ressuscitou o Temur Delver (Canadian Threshold) em duas versões: uma bem parecida com o bom e velho Tempo Aggro com Delver of Secrets e outra mais Midrange, com acesso a Up the Beanstalk. Por fim, o feitiço preto deu um gás extra aos decks de Storm, além de adicionar redundância aos decks Monoblack Combo com Leyline of the Void e Helm of Obedience.

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Outubro

Não tivemos muitas novidades no mês logo após Eldraine, pois o lançamento dos decks Commander de Doctor Who não causou muito barulho. Por outro lado, o meta acabou se formando com 5 decks no topo, algo praticamente inédito no Legacy: Temur Aggro, Beanstalk Control, Grixis Delver, Boros Initiative e Dimir Scam.

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Novembro

O penúltimo mês do ano recebeu Lost Caverns of Ixalanlink outside website e, embora tenhamos recebido mais algumas “cartas-operárias” (aquelas que trabalham em um deck, mas não mandam nele) como Dauntless Dismantler e Molten Collapse, novamente a estrela da edição veio dos decks de Commander: Broadside Bombardiers. Este Goblin novo revitalizou tanto o Red Prison quanto o Muxus Goblins, além aparecer eventualmente em listas de Boros Initiative.

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Outro evento muito importante que aconteceu em novembro foi o primeiro dos 3 Eternal Weekend, torneios imensos de Legacy, disputados na Europa, Japão e Estados Unidos. A etapa europeia foi disputada em Praga no final de semana de 18 a 19 de novembro, e a etapa japonesa aconteceu em Aichi no final de semana seguinte.

Incrivelmente, decks turbinados por Wilds of Eldraine se consagraram campeões em ambos torneios. O torneio de Praga contou com 713 jogadores e foi vencido por Julian Jakobovits com a versão nova do Temur Delver com Questing Druid.

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Já a etapa asiática contou com 658 jogadores e viu Leo Isogaya consagrado campeão com um deck 5-Color Control portando, somente do ano de 2023, Orcish Bowmasters, Forth Eorlingas!, Lórien Revealed e Up the Beanstalk!

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Dezembro

Entramos no mês final de 2023 com um anúncio. Na verdade, um não-anúncio: Legacy – No Changes. Refletindo o sentimento entre os jogadores, a Wizards entendeu que não havia necessidade de mudar nada neste formato e não mandou ninguém para o xilindró! Apesar de manter um olhar atento sobre Orcish Bowmasters, os guardiões do Legacy decidiram que, nesse momento, o meta é capaz de se autorregular.

Para fechar o ano, tivemos, de 9 a 10 de dezembro, o maior torneio Legacy do ano e um dos maiores de todos os tempos. A etapa norte-americana do Eternal Weekend, o NA Legacy Championship, contou com a presença massiva de 996 jogadores! No final, tivemos uma versão bem diferente do 4-Color Control, pilotada por TK Strachan, passando em primeiro pelas 11 rodadas de suíço e atropelando todo o top 8 para conquistar o título!

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Num torneio desse porte, é sempre interessante prestar atenção nas tendências novas que surgem. Um deck que foi muito bem, mandando 2 jogadores para o top 8, foi a versão Boros/Rakdos do combo de Painter’s Servant com Grindstone.

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Por fim, existe um deck que me chamou a atenção nesse top 8. Indeciso sobre qual a melhor versão, Grixis ou Temur, o jogador DoomBot KGB misturou as duas e foi com um 4-Color Aggro!

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Conclusão

Com isso, concluímos esse mergulho no ano que foi 2023. Foi um ano sensacional para o Legacy – começou tenso em uma espiral de dois decks, mas acabou se tornando o formato mais equilibrado que eu consigo me lembrar. Termina com um evento de quase 1.000 jogadores. Termina com espaço para os decks mais competitivos e para os pet decks. E a promessa é que o próximo ano seja ainda mais legal.

Um abraço direto de 2024, boas festas e até a próxima!